"A mulher entra no quarto do filho decidida a ter uma conversa séria. De novo, as respostas dele à interpretação do texto na prova sugerem uma grande dificuldade de ler. Dispersão pode ser uma resposta para parte do problema. A extensão do texto pode ser outra, mas nesta ela não vai tocar porque também é professora e não vai lhe dar desculpas para ir mal na escola. Preguiça de ler parece outra forma de lidar com a extensão do texto. Ele está, de novo, no computador, jogando. Levanta os olhos com aquele ar de quem pode jogar e conversar ao mesmo tempo. A mãe lhe pede que interrompa o jogo e ele pede à mãe "só um instante para salvar". Curiosa, ela olha para a tela e espanta-se com o jogo em japonês. Pergunta-lhe como consegue entender o texto para jogar. Ele lhe fala de algumas tentativas com os ícones. Diz ainda que conhece a base da história e que, assim, mesmo em japonês, tudo faz sentido. Aquela conversa acabou sendo adiada. A mãe-professora, capturada por outros sentidos de leitura, não se sentia pronta naquele momento. Consciente, suspende a ação."
BARRETO, R, G. Formação de professores, tecnologias e linguagens: mapeando velhos e novos (des)encontros. São Paulo: Loyola, 2002 (adaptado)
A reação da mãe-professora frente às habilidades da "geração digital" contemporânea reflete o desafio que se tem enfrentado de
a) aplicar as mesmas formas de ler textos impressos a textos digitais.
b) interpretar as várias informações na leitura de textos em multimídia.
c) lidar com as novas práticas de leitura geradas pelos jogos de computadores.
d) superar as dificuldades de leitura geradas pelos jogos de computadores.
e) trabalhar a dificuldade de leitura usando as tecnologias como ferramentas.
Alguém poderia me explicar por qual razão não poderia ser a alternativa E? Quando eu leio o texto o que eu percebo: mãe nervosa porque filho tira notas baixas em interpretação > vamos ter uma conversa pra ver porquê você não consegue interpretar textos > filho interpreta textos magistralmente, só não gosta daqueles textos chatos da escola > mãe pensa "o problema não é a dificuldade de interpretação, é a maneira como passamos esses textos em sala de aula; se usássemos tecnologia, talvez eles se interessassem mais".
O desafio que hoje se enfrenta não é lidar com novas práticas de leitura geradas pelos jogos de computadores. Isso pode até ser algo bom, já que esses inclusive estimulam o indivíduo a ler, mesmo que não seja uma leitura nem próxima à escolar, e de certa forma a desenvolver o raciocínio (veja que o filho está fazendo associações lógicas pra compreender os textos em japonês!!). De onde isso é um desafio? Pra mim o desafio é muito mais como utilizar esse novo cenário tecnológico a favor do aprendizado!
Por que estou errado? hahah muito obrigado!