Uma educação pela pedra: por lições;
para aprender da pedra, frequentá-la;
captar sua voz inenfática, impessoal
(pela de dicção ela começa as aulas).
A lição de moral, sua resistência fria
ao que flui e a fluir, a ser maleada;
a de poética, sua carnadura concreta;
a de economia, seu adensar-se compacta:
lições da pedra (de fora para dentro,
cartilha muda), para quem soletrá-la.
Outra educação pela pedra: no Sertão
(de dentro para fora, e pré-didática).
No Sertão a pedra não sabe lecionar,
e se lecionasse, não ensinaria nada;
lá não se aprende a pedra: lá a pedra,
uma pedra de nascença, entranha a alma.
(Obra completa, 1994.)
Nesse poema, o eu poético
a) trabalha com a metalinguagem para valorizar um tipo de composição poética fundado na subjetividade lírica e social.
b) reflete racionalmente sobre a construção de uma linguagem poética objetiva, sem perder de vista a problemática social.
c) expõe uma visão metafísica da poesia na medida em que atribui à pedra uma essência que extrapola a sua existência concreta.
d) defende a ideia de uma poesia livre de formalismos, feita a partir da inspiração que lhe acomete ao observar uma pedra.
e) constrói a ideia de uma poesia objetiva, pautada na valorização da arte pela arte, sem estabelecer relação com a realidade.
Resposta
Gabarito: B