“Os laços que nos unem a vós, nossos súditos, não são o resultado da mitologia ou de lendas. Não se baseiam jamais no falso conceito de que o imperador é deus ou qualquer outra divindade viva.”
Petrificados, milhões de japoneses tomaram consciência da verdade que ninguém jamais imaginara ouvir: diferentemente do que lhes fora ensinado nas escolas e nos templos xintoístas, Hiroíto reconhecia que era filho de dois seres humanos, o imperador Taisho e a imperatriz Sadako, e não um descendente de Amaterasu Omikami, a deusa do Sol. Foi como se tivessem jogado sal na ferida que a rendição, ocorrida em agosto do ano anterior, havia aberto na alma dos japoneses. O temido Exército Imperial do Japão, que em inacreditáveis 2600 anos de guerras jamais sofrera uma única derrota, tinha sido aniquilado pelos Aliados. O novo xogum, o chefe supremo de todos os japoneses, agora era um gaijin, um estrangeiro, o general americano Douglas MacArthur, a quem eram obrigados a se referir, respeitosamente, como Maca-san, o “senhor Mac”. Como se não bastasse tamanho padecimento, o Japão descobria que o imperador Hiroíto era apenas um mortal, como qualquer um dos demais 100 milhões de cidadãos japoneses.
(Corações sujos, 2000.)
A ideia de “suportar o insuportável” (1o parágrafo) está presente também
a)
na revolta da população japonesa ao receber a declaração da condição humana do imperador.
b)
na escolha do dialeto keigo para declarar a condição humana do imperador.
c)
na informação de que a voz do imperador era rouca e arrastada durante sua declaração.
d)
na improvável crença dos japoneses, durante tanto tempo, na condição sobre-humana do imperador.
e)
no modo resignado como o imperador cumpriu a imposição de declarar sua condição humana.
Ql seria o erro da A, não seria para os japoneses suportar o insuportável ao entrarem em contato cm a declaração do líder?
Resposta
E