História GeralFacismo Tópico resolvido

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olhaavista
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Facismo

Mensagem não lida por olhaavista »

A educação de crianças e jovens, como implementada pelo governo na Itália(1922-1943) e nazista (1933-1945), tinha por objetivo formar cidadãos
a) apoiadores do socialismo e do movimento operário.
b) adeptos do nacionalismo e da subordinação hierárquica
c) simpatizantes da democracia e das liberdades individuais.
d) defensores das inovações modernistas e da emancipação feminina.
e) líderes anarquistas e buscando o crescimento das minorias




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Juan2312
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Re: Facismo

Mensagem não lida por Juan2312 »

Acredito que a resposta certa seja a letra B, estou estudando isso agora e esse texto pode te servir de ajuda para entender o por quê de ser isso:
27 de agosto de 2017
AS REJEIÇÕES E AS AFIRMAÇÕES DO FASCISMO HENRI MICHEL




O que o fascismo rejeita a priori e totalmente é a sociedade liberal do século XIX, inspirada pela “filosofia das luzes”, transposta* politicamente na Revolução Francesa. O fascismo não crê que os homens sejam iguais, nem que o homem seja naturalmente bom. Põe de lado Descartes, Kant, Rousseau, e, com estes, o positivismo, gerador do cientismo e da esperança num progresso contínuo. Essa condenação global dá origem a algumas rejeições.

Rejejção da democracia, considerada “podre_” porque, sendo um regime de fraqueza dominado pelos grupos de pressão, é incapaz de salvaguardar o interesse nacional; o sistema parlamenta não passa de um jogo estéril, de um verbalismo alheio às realidades da nação; o pluralismo dos partidos apenas gera divisões e discussões inúteis; a escolha, pelo povo, dos dirigentes políticos é uma nociva quimera;

Rejeição, por conseguinte, do individualismo, dos direitos do homem, da “dignidade da pessoa humana”; porque o indivíduo não tem nenhum direito; apenas existe pela comunidade na qual se integra; precisa ser enquadrado e comandado;

Rejeição da sociedade liberal, porque a liberdade degenera em licença, e a licença em enfraquecimento da coesão do grupo; o grupo tem o direito de punir aqueles que recusam agregar-se lhe; a justiça não tem como objeto defender o indivíduo, mas sim velar pela integridade do grupo, aplicando sanções àqueles que a prejudicam;

Rejeição dum comportamento comandado pela razão, que abafa o impulso vital; o fascismo é uma reação antiintelectualista, uma desforra do instinto; prega o culto da ação, proclama a virtude da violência.

Ao mesmo tempo, o fascismo combate o “socialismo marxista”, porque este é fundado na luta de classes e conduz à divisão e enfraquecimento do grupo social; não crê no esquema marxista do caráter irreversível da história. Censura também a liberdade econômica, o laissez faire, que permite aos fortes esmagar os fracos, em detrimento da coletividade, e muitas vezes esconde o domínio de um povo pobre por outro mais rico. As internacionais comunista e capitalista, o fascismo procura contrapor o seu “socialismo nacional”.

AS AFIRMAÇÕES DO FASCISMO

Estas críticas não constituem novidade; o fascismo não fez mais do que popularizá-las; completa-as, em antítese, com afirmações e proposições, que só assumem alguma originalidade pela sua conjunção; foi assim que se elaborou a pouco e pouco, ao correr da ação, uma doutrina quase coerente.

O fascismo é em primeiro lugar um nacionalismo exacerbado. A nação, sagrada, é o bem supremo. O seu interesse exige uma tripla coesão interna, política, social e étnica, e exige também a supressão dos antagonismos que a dividem e enfraquecem. Fascismo repudia a época que o precedeu — proclama-se revolucionário — e procura os seus modelos num passado da nação mais ou menos mítico — a germanidade, a latinidade, a hispanidade, o helenismo, a francidade, etc. Nesta idade de ouro, a nação era pura de qualquer elemento alheio; para a purificar de novo, o fascismo é xenófobo, racista, e, ao fim e ao cabo, antissemita. Povo, nação e raça exprimem então a mesma realidade histórica.

O nacionalismo fascista é altivo e ambicioso; não há fronteira que não pretenda violar; há sempre um tratado qualquer que quer rever e algum território que pretende recuperar; no passado, encontra com facilidade um período de grandeza que pretende igualar. Apoiado pelo exército, escorado nos antigos combatentes, procurando a cooperação dos compatriotas exilados, o fascismo vai acabar naturalmente no imperialismo. Ridiculariza o pacifismo dos balidos, a começar pela Sociedade das Nações; exalta a aventura, o soldado, a luta; às soluções negociadas, prefere o diktat da vitória. Contém em si a guerra, como a nuvem negra contém o raio.

Para que a nação tenha a certeza de poder viver e prosperar, o Estado deve ser forte e autoritário. A centralização suprimirá os particularismos locais; o Estado fará prevalecer o interesse coletivo sobre os dos indivíduos, dos grupeis profissionais ou das classes sociais. A ditadura que vai ser instituída confundirá os aparelhos do Estado e da ideologia partidária, à custa duma legalidade que suplantará a noção de Salvação Pública. O Estado será policial e a Justiça estará às suas ordens; as funções de advogados, acusadores, juízes, serão amalgamadas, porque o acusado será julgado pelas suas intenções e “moralidade política”, mais do que pelos seus atos; como outrora a Inquisição para os heréticos, o tribunal fascista esconjurará as impurezas nacionais.

Este Estado forte encarna-se num chefe, providencial, guia e salvador da nação, erguido da massa pelo impulso da sua personalidade; a sua palavra é lei e é também a verdade. As paredes de Roma proclamavam que “Mussolini tinha sempre razão.”, e as multidões nazis gritavam o seu êxtase perante o “génio” do Fúhrer. Não há grupo fascista que não faça sacrifício ao culto do chefe; aliás, o fuhrer-prinzip deve afirmar-se em todos os escalões da sociedade, tanto na economia como na administração.

Entre o chefe e o povo, o intermediário, a correia de transmissão são é o partido único: este deve reunir um escol e, por meio de um movimento juvenil único, deve também promover a sua renovação. A sociedade urdida pelo fascismo é hierarquizada; uns comandam, os outros crêem e obedecem, mas o poder vem sempre de cima; os fascistas travam a sua primeira batalha, na rua, contra os seus adversários: passado isto, “reina a ordem” e a população é enquadrada territorial e profissionalmente, em organismos destinados a modificar o Estado. Assim irá surgindo, a pouco e pouco, uma nova classe dirigente.

Esta sujeição da população é justificada pelo fascismo com a defesa nacional e com a vontade de instituir uma sociedade mais justa: é isto o socialismo nacional, considerado a melhor arma contra o comunismo. E necessário ultrapassar a lula de classes e substituí-la pela sua cooperação. Não se trata de coletivização, nem de supressão do proletariado, e ainda menos de autogestão. Mas o Estado, por um lado, submeterá os interesses dos poderosos à lei comum, e, por outro, promulgará leis sociais destinadas a melhorar a condição operária. Regra geral, estas disposições serão um tanto esquecidas pelos partidos fascistas, uma vez alcançado o poder; mas contribuirão para os tornar ditaduras populares.

Para promover o “socialismo nacional”, as forças de produção são associadas numa economia corporativa. O fascismo pretende ultrapassar as tensões da sociedade industrial; daqui resultam organismos de cooperação em todas as profissões, as corporações, onde os patrões, operários e representantes do Estado têm assento, teoricamente, em pé de igualdade. Por um lado, a organização permite que o Estado tome até certo ponto à sua conta a economia nacional: facilita a direção planificada da produção e permite a realização da autarcia; por outro lado, o Estado desempenha o papel de medianeiro nos conflitos de trabalho; de fato, com a supressão dos sindicatos e a proibição das greves, o sistema consolida o desequilíbrio social em proveito dos possidentes.

Para o fascismo, este conjunto de medidas deve permitir a formação e desenvolvimento de um tipo de homem novo. Este homem novo deve ser viril — o fascismo menospreza a mulher —, apto para o comando, duro para si próprio e para os outros. As suas qualidades dominantes serão a coragem, o espírito de disciplina, o sentido da solidariedade. Mais do que as qualidades intelectuais, os fascistas pretendem desenvolver as “qualidades animais” do homem; desconfiam do espírito crítico, que consideram dissolvente; o fascista contenta-se com “crer, obedecer, combater”. O ideal seria que o homem se tornasse um autómato perfeito, totalmente destituído de sensibilidade, despojado de qualquer sentido humanitário, capaz apenas de executar, sem discussão, todas as ordens que recebe. Este tipo dc homem novo foi quase realizado na SS hitleriana.

Os educadores e os artistas devem dedicar-se a formar este novo tipo de homem. A cultura fascista recusa o universalismo; substitui-o pela pertença à nação, a solidariedade gregária, a ligação ao solo, à língua e ao torrão natal (ao sangue, dirão os nazis), numa palavra, uma maneira de sentir e de pensar comandada pela ação, na qual o irracional domina, com um dogmatismo exaltado, uma esquematização dos problemas, uma falta completa do sentido do humor e da compreensão dos matizes, um abuso dos estribilhos repisados pela propaganda.

Estas características do fascismo são comuns a todos os grupos que se dizem fascistas, com variantes na intensidade ou no tempo. Para as exprimir, todos os fascistas utilizam o mesmo ritual — que impressionou muito os seus contemporâneos. O culto do chefe traduz-se pela difusão ilimitada da sua imagem nas paredes ou no cinema, nas montras, nos lugares públicos e nas casas, umas vezes sorridente, amistoso e protetor, outras com ar duro e tenso, o mais das vezes fardado. É saudado levantando o braço, aclamado freneticamente antes de ser escutado religiosamente. O partido é uma “ordem”, com as suas vestes, a sua hierarquia, os seus regulamentos, os seus pendões, as suas insígnias e paradas. A população é reunida em manifestações enormes, em que o espírito coletivo se exprime pelo canto, em desfiles infindáveis em que cada um está envolvido e protegido pela massa. A propaganda repete infatigavelmente os mesmos temas por meio do cartaz, do jornal, da rádio, do filme. Sobre todos os opositores, e até sobre os “tíbios”, paira a ameaça das agressões, da prisão, da destituição, do internamento ou da expropriação; o fascismo domina por meio da generalização do terror — neste ponto faz inovação.

Assim, rejeitando o capitalismo e o bolchevismo, recusando a democracia liberal, o fascismo propõe uma terceira solução de cooperação, numa nação dirigida pelo chefe, uniformizada pela arregimentação e propaganda, preparada para guerras em que se farão valer os seus direitos e se afirmará a sua força. Durante cerca de vinte anos, teve um êxito incontestavelmente enorme. E um fenômeno mundial.

Fonte: https://histcultura.wordpress.com/2017/ ... ri-michel/

Última edição: MateusQqMD (Sex 30 Out, 2020 11:17). Total de 1 vez.
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