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(ENEM) Interpretação de texto

Enviado: Qua 10 Abr, 2019 22:37
por danimedrado
ISTO
Dizem que finjo ou minto
Tudo que escrevo. Não.
Eu simplesmente sinto
Com a imaginação.
Não uso o coração.

Tudo o que sonho ou passo
O que me falha ou finda,
É como que um terraço
Sobre outra coisa ainda.
Essa coisa é que é linda.

Por isso escrevo em meio
Do que não está ao pé,
Livre do meu enleio,
Sério do que não é.
Sentir? Sinta quem lê!
(Fernando Pessoa, Poemas Escolhidos. São Paulo, Globo, 1997.)

Fernando Pessoa é um dos poetas mais extraordinários do século XX. Sua obsessão pelo fazer poético não encontrou limites. Pessoa viveu mais no plano criativo do que no plano concreto, e criar foi a grande finalidade de sua vida. Poeta da “Geração Orfeu”, assumiu uma atitude irreverente.

Com base no texto e na temática do poema “Isto”, conclui-se que o autor
a) revela seu conflito emotivo em relação ao processo de escritura do texto.
b) considera fundamental para a poesia a influência dos fatos sociais.
c) associa o modo de composição do poema ao estado de alma do poeta.
d) apresenta a concepção do Romantismo quanto à expressão da voz do poeta.
e) separa os sentimentos do poeta da voz que fala no texto, ou seja, do eu lírico.
Resposta

E
Alguém pode me auxiliar nessa questão? Eu havia marcado a C.

Re: (ENEM) Interpretação de texto

Enviado: Qua 10 Abr, 2019 23:04
por Woody
Olá!

Pelo que entendi, o fulcro principal do poema é expor o protagonismo da imaginação do autor na composição dos seus poemas.

Quando ele diz que sente com a imaginação, e não com o coração - na minha interpretação -, quer dizer que ele imagina o sentimento. Como quando você imagina uma situação engraçada, ou triste, ou cotidiana, ou qualquer outra, e consegue projetar o sentimento daquela imaginação e senti-lo, mas não com o coração.

Outro ponto chave para minha interpretação foi a palavra "enleio". Dois dos significados que encontrei para ela foi o de "confusão" e "envolvimento".

"Livre do meu enleio", ou seja, livre das minhas próprias confusões, livre do meu próprio eu. Liberdade essa que o permitiria usar sua imaginação da forma que quisesse, e sentir coisas, mesmo que essas coisas não sejam sentidas pelo seu coração.

Ou seja, o poeta (pessoa) é um, e o eu lírico é outro. O poeta usa o coração, mas o personagem que ali fala (o eu lírico) usa a imaginação, e está distante do seu ser concreto. Está distante do poeta. Está distante do Fernando Pessoa. Por isso letra E.

Ademais, não sou muito bom com interpretação de textos. Estou buscando melhorar nisso. Dessa forma, aceito críticas e correções com muita animação! Assim como debates, que é uma ótima forma de desenvolver isso.

Até mais!