histórias no seio de uma família serve de metáfora da memória
em obra escrita por autora portuguesa
O que poderia valer mais do que a manta para aquela família?
Quadros de pintores famosos? Joias de rainha? Palácios? Uma
manta feita de centenas de retalhos de roupas velhas aquecia
os pés das crianças e a memória da avó, que a cada quadrado
apontado por seus netos resgatava de suas lembranças uma
história. Histórias fantasiosas como a do vestido com um bolso
que abrigava um gnomo comedor de biscoitos; histórias de
traquinagem como a do calção transformado em farrapos no
dia em que o menino, que gostava de andar de bicicleta de olhos
fechados, quebrou o braço; histórias de saudades, como o avental
que carregou uma carta por mais de um mês... Muitas histórias
formavam aquela manta. Os protagonistas eram pessoas da
família, um tio, uma tia, o avô, a bisavó, ela mesma, os antigos
donos das roupas. Um dia, a avó morreu, e as tias passaram a
disputar a manta, todas a queriam, mais do que aos quadros,
joias e palácios deixados por ela. Felizmente, as tias conseguiram
chegar a um acordo, e a manta passou a ficar cada mês na casa
de uma delas. E os retalhos, à medida que iam se acabando, eram
substituídos por outros retalhos, e novas e antigas histórias
foram sendo incorporadas à manta mais valiosa do mundo.
LASEVICIUS, A. Língua Portuguesa, São Paulo, n. 76, 2012 (adaptado).
A autora descreve a importância da manta para aquela família,
ao verbalizar que “novas e antigas histórias foram sendo
incorporadas à manta mais valiosa do mundo”. Essa valorização
evidencia-se pela:
A. oposição entre os objetos de valor, como joias, palácios e
quadros, e a velha manta.
B. valorização da manta como objeto de herança familiar
disputado por todos.
C. descrição detalhada dos aspectos físicos da manta, como cor e
tamanho dos retalhos.
D. comparação entre a manta que protege do frio e a manta que
aquecia os pés das crianças.
E. correlação entre os retalhos da manta e as muitas histórias de
tradição oral que os formavam.
Resposta
E