"E apesar de tudo o que se expõe, e que tanto conspira para se julgarem estas minas as mais pobres e desgraçadas das que vivem em sociedade; não é tão fácil afirmar delas este conceito, não se olhando mais que para o seu desmarcado comércio de importação, e vendo ao longe por entre a escassa luz de narrações adulteradas o seu luxo descomedido. Mas se atentar qualquer para o modo por que vivem e comerciam os vassalos de Sua Majestade neste país, verá que o ordinário deles pensa mal, e olha tão somente para uma falsa reputação, e trabalha por um falso brilhante no que pertence aos seus que de longe quer se lhe atribuam: pretendendo, à imitação dos cômicos e figuras teatrais, fingir com palhetas douradas ouro maciço e com vidros lapidados preciosa pedraria." (Representação da Câmara de Mariana, 1789. Apud SOUZA, Laura de Mello. Desclassificados do ouro: a pobreza mineira no século XVIII. 2. ed. Rio de Janeiro: Graal, 1986. p. 19.)
Com base na leitura do documento acima e nos conhecimentos sobre a mineração e o barroco, é correto afirmar:
a) O barroco mineiro disseminou a concepção de simplicidade e pobreza para todos, espetáculo encenado no teatro e nas festas religiosas.
b) O documento, ao propor a analogia com os espetáculos teatrais, reafirma a existência de uma riqueza e opulência aparentes na sociedade das Minas Gerais.
c) Os intelectuais e letrados mineiros valorizavam em seus escritos saberes relativos à religiosidade, devoção, liturgia e teologia, não se deixando contaminar pela Ilustração, isto é, pelas ciências e saberes profanos.
d) Apesar da importação dos meios de subsistência e dos gastos de compra e manutenção da escravaria, a mineração produziu uma democrática distribuição de riqueza nas Minas Gerais, onde o luxo e a ostentação eram um padrão de conduta acessível a todos.
e) As fraudes na comercialização dos metais, a exemplo do contrabando e do extravio do ouro, são apontados, na Carta, como os responsáveis pela pobreza que dominava os arraiais auríferos.
Resposta
B