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De fato, durante as décadas de 60 e 70 houve uma valorização da cultura brasileira, como forma de afirmar o jeito brasileiro de ser e entender o mundo e a si próprio. No entanto, a afirmativa se apresenta incorreta ao mencionar artes visuais e literatura de cordel.
As artes visuais foram bastante trabalhadas como meio de valorização nacional durante o Segundo Reinado, com o mecenato promovido pelo Império Brasileiro, ou seja, o próprio Governo Imperial arcava com os custos dos estudos no exterior e de obras de pintores, como Pedro Américo e Victor Meirelles. As artes visuais também se fizeram latentes no Período Moderno com, por exemplo, a célebre artista Tarsila do Amaral e o artista Candido Portinari. No entanto, durante as décadas de 60 e 70 não havia um movimento de artistas visuais com as características tratadas na afirmação, o que não quer dizer que não havia pintores, havia sim, como Lúcio Cardoso e movimentos como a União dos Artistas de Santa Teresa, no Rio de Janeiro, mas não com um concreto objetivo de valorização da cultura nacional.
A literatura de cordel é derivada das trovas medievais portuguesas e começou a ser escrita e divulgada a partir do Renascimento, trazidas ao Brasil durante o período colonial esse tipo de literatura se fixou no Nordeste ganhando sérios traços brasileiros e tornando-se parte da cultura regional brasileira, mas é necessário entender que não há por meio da literatura de cordel uma forma de exaltação nacional - o que não diminui a grandeza desta arte; além de quê os temas tratados na literatura de cordel são temas individuais como amor, traição e negócio informais, e não temas de ordem nacional.
Falar de música está correto - durante as décadas de 60 e 70 tivemos a ação de artistas como Tom Jobim, Vinícius de Moraes, Nara Leão, Elis Regina, Raul Seixas, Caetano Veloso, Chico Buarque, Rita Lee, Gilberto Gil e tantos outros que coordenaram a cultura musical brasileira, logo valorização nacional, ao passo que realizavam por meio da música uma denúncia social da situação vivida pelo Brasil.
Falar de arquitetura está correto - digamos que a arquitetura brasileira é uma das principais formas de propaganda internacional, com obras arquitetônicas como a construção de Brasília, chefiada por Oscar Niemeyer e Lúcio Costa, o Edíficio Copan em São Paulo, chefiado por Oscar com auxílio de Carlos Lemos, o prédio do Masp, projetado pela arquiteta Lina Bo Bardi. Todos esses fatores caracterizaram forma de exaltação da cultura nacional, da arquitetura e dos arquitetos brasileiros.
Falar de teatro popular está correto - o teatro popular foi um movimento de caráter regional mas também ideológico composto por nomes como Ariano Suassuna, João Cabral de Melo Neto e Millôr Fernandes, como forma de valorizar o artista brasileiro, realizar denúncia social, e torna clara a capacidade do brasileiro de fazer teatro de forma a tornar visual todas as nuances do povo brasileiro, principalmente daqueles que eram excluídos socialmente.
Falar de Cinema Novo está correto - surgido no fim da década de 50, o Cinema Novo foi um movimento de contraposição ao tipo de cinema que estava sendo vendido no Brasil, produções hollywoodianas e também as conhecidas chanchadas. O Cinema Novo buscava valorizar, tal qual o teatro popular, as nuances do povo brasileiro, tornando visível, para boa parte da população que goza de boas condições de vida, "o outro lado da moeda" da sociedade brasileira, pobre e explorada.
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