imagem de um vidro mole que fazia uma volta atrás
de casa.
Passou um homem depois e disse: Essa volta que o
rio faz por trás de sua casa se chama enseada.
Não era mais a imagem de uma cobra de vidro que
fazia uma volta atrás de casa.
Era uma enseada.
Acho que o nome empobreceu a imagem.
BARROS, Manoel de. O livro das Ignorãças. Rio de Janeiro: Record, 1994
Em todos os poemas de O Livro das Ignorãças há a ideia de desinventar coisas e palavras, deixá-las sem definição; permitir que simplesmente sejam, sem que haja nomes para aprisioná-las num mundo de conceitos, que se tornam cada vez mais gastos e pobres. Nesse poema XIX, pode-se dizer que o poeta
a)julga inferior o conhecimento sistematizado e o toma como ignorância.
b)apenas remete a um desconhecimento prévio dos conceitos e significados, sem reflexão sobre a poesia.
c)há a busca pela linguagem comum que se aproxime mais da coisa em seu estado bruto.
d)recusa a referencialidade na busca pelo poético.
e)divaga para mostrar a desnecessidade de conceitos no mundo prático
Resposta
D