GramáticaFormação de palavras Tópico resolvido

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ClaraT
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Ago 2018 21 17:15

Formação de palavras

Mensagem não lida por ClaraT »

** Irei colocar o texto para deixar a questão completa, ao meu ver não é necessário a leitura **

Texto 01
O animal satisfeito dorme,
Mário Sérgio Cortella
O sempre surpreendente Guimarães Rosa dizia: “o animal satisfeito dorme”. Por trás dessa aparente obviedade está um dos mais
fundos alertas contra o risco de cairmos na monotonia existencial, na redundância afetiva e na indigência intelectual. O que o escritor
tão bem percebeu é que a condição humana perde substância e energia vital toda vez que se sente plenamente confortável com a
maneira como as coisas já estão, rendendo-se à sedução do repouso e imobilizando-se na acomodação.
A advertência é preciosa: não esquecer que a satisfação conclui, encerra, termina; a satisfação não deixa margem para a
continuidade, para o prosseguimento, para a persistência, para o desdobramento. A satisfação acalma, limita, amortece.
Por isso, quando alguém diz “fiquei muito satisfeito com você” ou “estou muito satisfeita com teu trabalho”, é assustador. O que se
quer dizer com isso? Que nada mais de mim se deseja? Que o ponto atual é meu limite e, portanto, minha possibilidade? Que de
mim nada mais além se pode esperar? Que está bom como está? Assim seria apavorante; passaria a ideia de que desse jeito já
basta. Ora, o agradável é quando alguém diz: “teu trabalho (ou carinho, ou comida, ou aula, ou texto, ou música etc.) é bom, fiquei
muito insatisfeito e, portanto, quero mais, quero continuar, quero conhecer outras coisas.
Um bom filme não é exatamente aquele que, quando termina, ficamos insatisfeitos, parados, olhando, quietos, para a tela, enquanto
passam os letreiros, desejando que não cesse? Um bom livro não é aquele que, quando encerramos a leitura, o deixamos um pouco
apoiado no colo, absortos e distantes, pensando que não poderia terminar? Uma boa festa, um bom jogo, um bom passeio, uma
boa cerimônia não é aquela que queremos que se prolongue?
Com a vida de cada um e de cada uma também tem de ser assim; afinal de contas, não nascemos prontos e acabados. Ainda bem,
pois estar satisfeito consigo mesmo é considerar-se terminado e constrangido ao possível da condição do momento.
Quando crianças (só as crianças?), muitas vezes, diante da tensão provocada por algum desafio que exigia esforço (estudar, treinar,
EMAGRECER etc.) ficávamos preocupados e irritados, sonhando e pensando: por que a gente já não nasce pronto, sabendo todas
as coisas? Bela e ingênua perspectiva. É fundamental não nascermos sabendo e nem prontos; o ser que nasce sabendo não terá
novidades, só reiterações. Somos seres de insatisfação e precisamos ter nisso alguma dose de ambição; todavia, ambição é
diferente de ganância, dado que o ambicioso quer mais e melhor, enquanto que o ganancioso quer só para si próprio.
Nascer sabendo é uma limitação porque obriga a apenas repetir e, nunca, a criar, inovar, refazer, modificar. Quanto mais se nasce
pronto, mais refém do que já se sabe e, portanto, do passado; aprender sempre é o que mais impede que nos tornemos prisioneiros
de situações que, por serem inéditas, não saberíamos enfrentar.
Diante dessa realidade, é absurdo acreditar na ideia de que uma pessoa, quanto mais vive, mais velha fica; para que alguém quanto
mais vivesse mais velho ficasse, teria de ter nascido pronto e ir se gastando…
Isso não ocorre com gente, e sim com fogão, sapato, geladeira. Gente não nasce pronta e vai se gastando; gente nasce não-pronta,
e vai se fazendo. Eu, no ano que estamos, sou a minha mais nova edição (revista e, às vezes, um pouco ampliada); o mais velho
de mim (se é o tempo a medida) está no meu passado e não no presente.
Demora um pouco para entender tudo isso; aliás, como falou o mesmo Guimarães, “não convém fazer escândalo de começo; só
aos poucos é que o escuro é claro”…
Excerto do livro “Não nascemos prontos! – provocações filosóficas”. De Mário Sérgio Cortella.
Disponível em: <http://www.contioutra.com/o-animal-sati ... -cortella/>


03- Sobre os processos de formação de palavras que compõem o texto 01, assinale a única alternativa correta.
A) A palavra “estudar” é formada por derivação prefixal e sufixal.
B) A palavra “emagrecer” é formada por derivação parassintética.
C) A palavra “gastando” é formada por derivação prefixal.
D) A forma verbal “vive” é formada por derivação imprópria.
E) A palavra “surpreendente” é formada por composição por justaposição.
Resposta

B
Por favor, poderia me explicar cada alternativa...
obrigada!




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PedroCosta
2 - Nerd
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Registrado em: Ter 02 Jan, 2018 19:21
Última visita: 23-06-21
Set 2018 23 17:32

Re: Formação de palavras

Mensagem não lida por PedroCosta »

Um pequeno resumo de processos de formação de palavras:
1) Derivação: um radical
a) Prefixal: Uso de prefixo
Exemplo: desnível
b) Sufixal: Uso de sufixo
Exemplo: habilidade
c) Prefixal e Sufixal: Uso de prefixo e sufixo
Exemplo: desajustado
d) Parassintética: Uso de prefixo e sufixo ao mesmo tempo. Não pode tirar nenhum deles por não existir uma palavra correspondente.
Exemplo: entristecer
Note que não existe entriste e nem tristecer.
e) Derivação imprópria/Conversão: A palavra muda sua classe gramatical.
Exemplo: O Eu
Note que o pronome do caso reto virou um substantivo.
Exemplo: O cantar
Note que o verbo virou um substantivo.
f) Derivação regressiva: Um verbo perde sua desinência modo temporal e vira um substantivo. Geralmente, você tem uma ideia de ação.
Exemplos: o canto, a caça, o ataque.
2) Composição: mais de um radical
a) Justaposição: Não há mudança fonética
Exemplo: girassol
b) Aglutinação: Há mudança fonética
Exemplo: planalto
Com base nisso, vamos analisar cada alternativa:
A) A palavra “estudar” é formada por derivação prefixal e sufixal.
Não. Trata-se de um palavra primitiva.
B) A palavra “emagrecer” é formada por derivação parassintética.
Sim. Se você remover o prefixo ou sufixo não encontra correspondente.
C) A palavra “gastando” é formada por derivação prefixal.
Não. Derivação sufixal.
D) A forma verbal “vive” é formada por derivação imprópria.
Não. O verbo está flexionado somente.
E) A palavra “surpreendente” é formada por composição por justaposição.
Composição? Não. Se eu não estou enganado "surpreendente" é derivada de "surpreende".



"Se vai tentar, vá até o fim.
Caso contrário, nem comece.
Se vai tentar, vá até o fim.
Pode perder namoradas, esposas, parentes, empregos e talvez até a cabeça.
Vá até o fim."
Charles Bukowski

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