Genética, Citologia e BioquímicaTradução proteica Tópico resolvido

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medamanda
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Tradução proteica

Mensagem não lida por medamanda »

(UERJ) As bases nitrogenadas, quando oxidadas, podem causar emparelhamento errôneo durante a replicação do DNA. Por exemplo, uma guanina oxidada (G*) pode passar a se emparelhar, durante a divisão celular, com timina (T) e não com citosina (C). Esse erro gera células mutadas, com uma adenina (A) onde deveria haver uma guanina (G) normal.

Considere uma célula bacteriana com quatro guaninas oxidadas em um trecho do gene que codifica determinada proteína, conforme mostra a sequência:
G*CG* - CCC - TG*T - ACG* - ATA

Ao final de certo tempo, essa célula, ao dividir-se, dá origem a uma população de bactérias mutantes. O número máximo de aminoácidos diferentes que poderão ser substituídos na proteína sintetizada por essas bactérias, a partir da sequência de DNA apresentada, é igual a:

a) 0.
b) 1.
c) 2.
d) 3
Resposta

C

Minha dúvida nessa questão é quanto aos aminoácidos formados, o gabarito me fala que serão formados os códons ACA- TAT- ACA, no entanto, esse não seria o trecho do gene mutado, onde as adeninas substituem as guaninas oxidadas? E como os aminoácidos tem relação com o RNAm e esse é complementar ao gene, pela minha lógica, formariam os códons UGU-AUA-UGU.
Essa minha dúvida não atrapalha na resolução da questão, porque continuam sendo dois códons diferentes substituídos, então, não precisa resolvê-la. Mas, no que estou me equivocando?




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Planck
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Re: Tradução proteica

Mensagem não lida por Planck »

Olá, medamanda.

No trecho do gene que codifica a proteína, podemos fazer sua fita complementar que será usada para transcrição do RNAm:

[tex3]\mathrm{
{\color{OrangeRed}T}G{\color{OrangeRed}T} - GGG - A{\color{OrangeRed}T}A - TG {\color{OrangeRed}T} - TAT
}[/tex3]

Agora, o RNAm:

[tex3]\mathrm{
{\color{OrangeRed}A}C{\color{OrangeRed}A} - CCC - U{\color{OrangeRed}A}U - AC {\color{OrangeRed}A} - AUA
}[/tex3]

Os aminoácidos formados diferentes são: treonina, tirosina e treonina. Dê uma olhada aqui: viewtopic.php?f=37&t=74203&p=201704#p201704.

Discordo do gabarito sugerir que é formado TAT, sendo que, não existe timina no RNAm.
Minha dúvida nessa questão é quanto aos aminoácidos formados, o gabarito me fala que serão formados os códons ACA- TAT- ACA, no entanto, esse não seria o trecho do gene mutado, onde as adeninas substituem as guaninas oxidadas?
Como mencionei, não concordo com o modo que o gabarito foi proposto. A ideia é construir a fita complementar, atentando-se que G* irá emparelhar com T e, após isso, construir o RNAm.




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medamanda
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Re: Tradução proteica

Mensagem não lida por medamanda »

Por que a transcrição ocorre na fita complementar do gene que codifica a proteína, e não com o próprio trecho que foi apresentado?
Por que é errado fazer a transcrição direto daqui:
medamanda escreveu:
Ter 19 Mai, 2020 11:44
G*CG* - CCC - TG*T - ACG* - ATA
(substituindo as guaninas oxidadas por adeninas)? Seria produzido o RNAm: UGU-GGG-AUA-UGU-UAU



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Planck
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Re: Tradução proteica

Mensagem não lida por Planck »

medamanda escreveu:
Ter 19 Mai, 2020 20:32
Por que a transcrição ocorre na fita complementar do gene que codifica a proteína, e não com o próprio trecho que foi apresentado?
Acredito que esse esquema pode ajudar:

A51FB0B2-59CC-4B5F-A13F-8622524C4433.png
A51FB0B2-59CC-4B5F-A13F-8622524C4433.png (69.13 KiB) Exibido 2537 vezes
medamanda escreveu:
Ter 19 Mai, 2020 20:32
(substituindo as guaninas oxidadas por adeninas)? Seria produzido o RNAm: UGU-GGG-AUA-UGU-UAU
Não está errado, o detalhe é que a fita de RNAm não terá o pareamento comum, onde for G*, é preciso colocar A, por causa da oxidação. Disso, ficamos com a fita ACA(deveria ser GCG)-CCC-UAU(deveria ser UGU)-ACA(deveria ser ACG)-AUA. Me parece que você confundiu a construção da fita de RNAm.
Última edição: Planck (Ter 19 Mai, 2020 20:53). Total de 1 vez.



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Sypru
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Re: Tradução proteica

Mensagem não lida por Sypru »

Olá, resolvi manifestar-me, já que se trata da minha faculdade hehe.

Acho bem interessante o desenrolar dessa questão, porém, esse intricamento todo acabou confundindo um pouco o entendimento do que a questão pedia.

Não era necessário fazer transcrição, muito menos a tradução. A ideia não era construir a fita complementar e sim avaliar se o aluno tinha o conhecimento teórico sobre as bases da Genética. Pela simples interpretação, para deixar tudo corretamente, o sistema de reparo tiraria a guanina (normal, porém, não no sentido de que ela esteja "normal" em seu estado e apenas nesse caso ocorreria a substituição, mas sim "onde normalmente ela estaria se estivesse em seu estado natural") e substituiria por adenosina. Então, antes mesmo de ter a transcrição para o RNA mensageiro, seria feita essa substituição. Substituindo todos os G* (que, nesse caso, são oxidados, não normais, o que eu reconheço que faz com que as pessoas confundam um pouco e admito que o enunciado peca nisso) por A, teríamos ACA-TAT-ACA, como temos a repetição de ACA, temos apenas dois tipos de aminoácidos que serão produzidos ou não diferentemente, pois vale lembrar que nosso código genético é degenerado e diferentes códons podem resultar em um mesmo aminoácido. O vestibular não queria nada complexo, só queria que os alunos substituíssem G* por A e percebessem que inicialmente tínhamos três tipos de códons diferentes vindos de GCG-TGT-ACG e, pelas mudanças das guaninas, só teríamos dois tipos de aminoácidos diferentes do esperado no máximo, caso não resultassem em um mesmo, devido a degenerescência do código.
(Vale lembrar que não se deve considerar os outros códons para elucidação dessa questão)

Por fim, eu deixo o gabarito feito pela minha própria faculdade e que elucida bem o quão simples era essa questão e o que foi aqui exposto foge do que ela esperava e, por isso, haja um sentimento de inadequação para com o gabarito:
1.jpg
1.jpg (44.12 KiB) Exibido 2531 vezes
Além disso, não sei se já tinham procurado, mas essa questão já foi colocado no Fórum outra vez; segue o link desse tópico: viewtopic.php?t=57127


"Eu não sou eu nem sou o outro,
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Planck
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Re: Tradução proteica

Mensagem não lida por Planck »

Sypru escreveu:
Ter 19 Mai, 2020 22:15
Olá, resolvi manifestar-me, já que se trata da minha faculdade hehe.

Acho bem interessante o desenrolar dessa questão, porém, esse intricamento todo acabou confundindo um pouco o entendimento do que a questão pedia.

Não era necessário fazer transcrição, muito menos a tradução. A ideia não era construir a fita complementar e sim avaliar se o aluno tinha o conhecimento teórico sobre as bases da Genética. Pela simples interpretação, para deixar tudo corretamente, o sistema de reparo tiraria a guanina (normal, porém, não no sentido de que ela esteja "normal" em seu estado e apenas nesse caso ocorreria a substituição, mas sim "onde normalmente ela estaria se estivesse em seu estado natural") e substituiria por adenosina. Então, antes mesmo de ter a transcrição para o RNA mensageiro, seria feita essa substituição. Substituindo todos os G* (que, nesse caso, são oxidados, não normais, o que eu reconheço que faz com que as pessoas confundam um pouco e admito que o enunciado peca nisso) por A, teríamos ACA-TAT-ACA, como temos a repetição de ACA, temos apenas dois tipos de aminoácidos que serão produzidos ou não diferentemente, pois vale lembrar que nosso código genético é degenerado e diferentes códons podem resultar em um mesmo aminoácido. O vestibular não queria nada complexo, só queria que os alunos substituíssem G* por A e percebessem que inicialmente tínhamos três tipos de códons diferentes vindos de GCG-TGT-ACG e, pelas mudanças das guaninas, só teríamos dois tipos de aminoácidos diferentes do esperado no máximo, caso não resultassem em um mesmo, devido a degenerescência do código.
(Vale lembrar que não se deve considerar os outros códons para elucidação dessa questão)

Por fim, eu deixo o gabarito feito pela minha própria faculdade e que elucida bem o quão simples era essa questão e o que foi aqui exposto foge do que ela esperava e, por isso, haja um sentimento de inadequação para com o gabarito:

1.jpg

Além disso, não sei se já tinham procurado, mas essa questão já foi colocado no Fórum outra vez; segue o link desse tópico: viewtopic.php?t=57127
Muito interessante a questão! Usei uma bazooka para matar um mosquito.

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mcarvalho
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Re: Tradução proteica

Mensagem não lida por mcarvalho »

Sypru escreveu:
Ter 19 Mai, 2020 22:15
Por fim, eu deixo o gabarito feito pela minha própria faculdade e que elucida bem o quão simples era essa questão e o que foi aqui exposto foge do que ela esperava e, por isso, haja um sentimento de inadequação para com o gabarito:
Já faz tempo que eu tenho a sensação de que dos vestibulares ainda existentes, o da UERJ é de longe o mais difícil na parte de biologia (especialmente nos tópicos de bioquímica). Não fiquei surpreso ao descobrir que essa questão é daí. E uma questão bastante elegante também: simples, como você disse, mas que não quer dizer que seja fácil.


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Sypru
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Re: Tradução proteica

Mensagem não lida por Sypru »

mcarvalho escreveu:
Qua 20 Mai, 2020 12:50
Já faz tempo que eu tenho a sensação de que dos vestibulares ainda existentes, o da UERJ é de longe o mais difícil na parte de biologia (especialmente nos tópicos de bioquímica). Não fiquei surpreso ao descobrir que essa questão é daí. E uma questão bastante elegante também: simples, como você disse, mas que não quer dizer que seja fácil.
Olha, sou um pouco suspeita quanto a isso, já que tenho uma grande paixão pela minha faculdade. Quando fiz vestibular (em 2018), fiz UERJ, ENEM e Unicamp. Eu gosto muito da prova da UNICAMP também (ou, pelo menos, a que eu fiz no meu ano, já que eu não tinha pegado - nem peguei - as provas anteriores para fazer), mas sinto que a forma como a UERJ cobra os conteúdos é sensacional. Na primeira fase, as questões costumam exigir o mesmo tipo de raciocínio que esta questão exigiu, além de intertextualidade que é bem marcante na UERJ, sempre exigindo do aluno que tenha um bom conhecimento de mundo; já na segunda fase, é cobrado um conhecimento realmente da matéria, com tópicos a serem postos conforme a pontuação exige (o que é de praxe para questões discursivas). Eu realmente gosto muito da parte de Química da UERJ também. Questões simples, práticas e pontuais. O famoso "sabe ou não sabe".


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lingered
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Re: Tradução proteica

Mensagem não lida por lingered »

medamanda escreveu:
Ter 19 Mai, 2020 11:44
podem causar emparelhamento errôneo
Essa parte da questão não fornece um caráter de POSSIBILIDADE a esse emparelhamento errôneo? Podendo a guanina, no caso, mesmo que oxidada, parear-se de forma correta.
EX.: TG*T--->TAT ou TGT
G*CG*-->ACA ou ACG ou GCG
Daí, indo por esse raciocínio, seriam 3 aminoácidos diferentes?
Desde já, obrigada!



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